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terça-feira, 18 de dezembro de 2018

OS CARNEIROS JURADOS - de Monteiro Lobato

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              Certo pastor, revoltado com as depredações do lobo, reuniu a carneirada e disse:
              - Amigos! É chegado o momento de reagir. Sois uma legião e o lobo é um só. Se vos reunirdes e resistirdes de pé firme, quem perderá a partida será ele, e nós nos veremos para sempre libertos da sua cruel voracidade. 
              Os carneiros aplaudiram-no com entusiasmo e, erguendo a pata dianteira, juraram resistir. 
               - Muito bem! - exclamou o pastor. Resta agora combinarmos o meio prático de resistir. Proponho o seguinte: quando a fera aparecer, ninguém foge; ao contrário; firmam-se todos nos pés, retesam os músculos, armam a cabeça, investem contra ela, encurralam-na, imprensando-na ; esmagam-na! 
               Uma salva de bés selou o pacto e o dia inteiro não se falou senão na tremenda réplica que dariam ao lobo. 
              Ao anoitecer, porém, quando a carneirada se recolhia ao curral, um berro ecoou de súbito: 
              - O lobo!...
              Não foi preciso mais: sobreveio o pânico e os heróis jurados fugiram pelos campos a fora, tontos de pavor. 
              Fora rebate falso. Não era lobo; era apenas a sombra de um lobo!...


Ao carneiro só peças lã. 



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- Por que só pedir lã aos carneiros? - disse Emília. Podemos também pedir-lhes costelas. Dos carneiros é só o que interessa tia Nastácia, as costelas...
Dona Benta explicou que o principal do carneiro não era a carne e sim a lã. 
- Carne todos os animais têm - disse ela - e lã, só o carneiro. Lã em quantidade, que dá para vestir todos os homens da terra, só o carneiro. É por isso que o autor desta história fala em lã e não em carne. A moralidade da fábula é que não devemos exigir das criaturas coisas que elas não podem dar. Se pedimos lã a um carneiro, ele no-la dá muita e excelente. Mas se pedirmos coragem, ah, isso ele não dá nem um pingo. 
- Por que? 
- Porque não tem. Não há bichinho mais tímido, mais sem coragem que o carneiro. Quando queremos falar duma pessoa muito pacífica, dizemos, "E um carneiro!"

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Fonte : Fábulas de Monteiro Lobato - coleção Educar. 

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Nicéas Romeo Zanchett 

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