Gordo peru e lindo galo costumavam empoleirar-se na mesma árvore. A raposa os avistou certo dia e veio vindo contente, a lamber os beiços com quem diz: "Temos petisco hoje!"
Chegou. Ao avistá-lo o peru leva tamanho susto que por um triz não cai da árvore. Já o galo o que fez foi rir-se; e como sabia que trepar a árvore a raposa não trepava. fechou os olhos e adormeceu.
O peru, coitado, medroso como era, tremia como varas e não tirava do inimigo os olhos.
- O galo não apanho, mas este peru cai-me no papo já... - Pensou consigo a raposa.
E começou a fazer caretas medonhas, a dar pinotes, a roncar, a trincar os dentes, dando a impressão duma raposa louca. Pobre peru! Cada vez mais apavorado, não perdia de vista um só daqueles movimentos. Por fim tonteou, caiu do galho e veio ter aos dentes da raposa faminta.
- Estúpido animal! - exclamou o galo acordado. Morreu por excesso de cautelas. tanta atenção prestou aos arreganhos da raposa, tanto aos perigos, que lá se foi, catrapus...
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A prudência manda não atentar demais nos perigos.
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- Eu conheci um homem assim - disse Dona Benta. Tomava um milhão de precauções para evitar males. Só bebia água filtrada. Andava pelo meio da rua para evitar que lhe caíssem sobre a cabeça os vasos de flor das janelas. Desinfetava as mãos sempre que dizia adeus a alguém...
- E que fim levou esse homem, vovó?
- Morreu de um desastre de avião.
- Mas se ele tinha tanto medo de tudo, como teve coragem de voar?
- Ele não estava voando, meu filho. O avião caiu em cima dele, na rua.
Fonte: Fábulas de Monteiro Lobato - Coleção Educar.
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Nicéas Romeo Zanchett
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