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domingo, 16 de dezembro de 2018

A CIGARRA E AS FORMIGAS de Monteiro Lobato - A formiga boa.

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A FORMIGA BOA 
          Houve uma jovem cigarra que tinha o costume de chiar ao pé dum formigueiro. Sá parava quando cansadinha; e seu divertimento então era observar as formigas na eterna faina de abastecer as tulhas. 
               Mas o bom tempo afinal passou e vieram as chuvas. Os animais todos, arrepiados, passavam o dia cochichando nas tocas. 
              A pobre cigarra, sem abrigo em seu galhinho seco e metida em grandes apuros, deliberou socorrer-se de alguém. 
               Manquitolando, com uma asa a arrastar, lá se dirigiu para o formigueiro. 
               Batei - tique, tique, tique...
               Aparece uma formiga friorenta, embrulhada num xalinho de paina.
                - Que quer? - perguntou, examinando a triste mendiga suja de lama e a tossir. 
               - Venho em busca de agasalho. O mau tempo não cessa e eu....
               A formiga olhou-a de alto a baixo. 
               - E que fez durante o bom tempo, que não construiu sua casa? 
               A pobre cigarra, toda tremendo, respondeu depois dum acesso de tosse. 
               - Eu cantava, bem sabe...
               - Ah!... exclamou a formiga recordando-se. Era você então quem cantava nessa árvore enquanto nós labutávamos para encher as tulhas? 
               -  Isso mesmo, era eu...
               - Pois entre, amiguinha! Nunca poderemos esquecer as boas horas que sua cantoria nos proporcionou. Aquele chiado nos distraia e aliviava o trabalho. Dizíamos sempre: que felicidade ter como vizinha tão gentil cantora! Entre, amiga, que aqui terá cama e mesa durante todos o mau tempo. 
               A cigarra entrou, sarou da tosse e voltou a ser alegre cantora dos dias de sol. 


Fonte: Livro de Monteiro Lobato - Coleção Educar 

Nicéas Romeo Zanchett 







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